Recordamos no dia de finados todos os nossos falecidos: familiares, parentes e amigos que já se encontram no céu. Queremos lembrá-los com saudade reafirmando mais uma vez, que não deixamos de amá-los pelo fato de terem partido para junto de Deus, pois como lemos no Livro da Sabedoria, “os que nele confiam compreenderão a verdade, e os que perseveram no amor ficarão junto dele, porque a graça e a misericórdia são para seus eleitos” (Sb 3,9).
Sempre imaginamos na possibilidade da morte do outro, como se ela nunca chegasse para nós. E, de repente, perdemos um ente querido e ficamos privados de sua presença física no meio de nós. “Nessa hora, precisamos de gente que nos saiba ouvir, com quem possamos ser nós mesmos. Precisamos de pessoas suficientemente íntimas a ponto de não estranhar nossas lágrimas nem nos exigir explicações”. E então, em momentos como estes, inevitáveis na vida de cada um de nós, podem acariciar o nosso coração as palavras do “Papa do Sorriso” – João Paulo I: “Deus tem sempre os olhos abertos sobre nós, mesmo quando nos parece noite. É pai; mais ainda, é mãe”. E também podemos recitar a bonita oração de Santo Ambrósio: “Senhor, não nos lamentamos porque o tiraste, mas agradecemos-te porque no-lo deste”.
É verdade que a perda de um ente querido é sumamente dolorosa. Especialmente quando esta perda é imprevista, violenta ou trágica. Quem pode compreender a dor de um pai ou de uma mãe que perde um filho? Existirá dor maior e mais intensa do que esta? Algumas mães já me afirmaram que nem a dor do parto nem a do câncer são maiores do que a dor de perder um filho. Senhor, por quê? Perguntamo-nos com espanto. E logo constatamos nos dias vindouros à perda de quem amamos: “Jamais deixaremos de sentir saudade daquele que partiu. Mas começaremos a aprender a viver sem ele”. Parece que, apesar da dor, vai surgindo aos poucos uma luz intensa, que vence todo desespero e desesperança: o amor de Deus! E então, abre-se a esperança de que os nossos falecidos “descansam na paz do Senhor”.
Uma coisa é certa, se acreditamos no Ressuscitado: “O cristão que une a sua morte à de Jesus vê a morte como um caminhar ao seu encontro e como uma entrada na Vida Eterna” (CIC, 1020). Morremos para ressuscitar, para habitarmos definitivamente com Deus. É evidente que aceitar a morte como um ato de amor não é fácil. Só encontraremos conforto e seremos reanimados em Jesus Cristo: Aquele que dá a vida por amor! A esperança que nos aguarda é aquela descrita no Apocalipse: “A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem choro, nem dor, porque passou o que havia antes” (Ap 21,4).
Em finados, queremos renovar a nossa fé no Cristo Ressuscitado, Senhor dos vivos e dos mortos. E para todos os fiéis defuntos nós suplicamos: “Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno! E a luz perpétua os alumie! Descansem em paz! Amém”.
Ó Deus, glória dos fiéis e vida dos justos, que nos remistes pela morte e ressurreição do vosso Filho, concedei aos nossos irmãos e irmãs que, tendo professado o mistério da nossa ressurreição, mereçam alegrar-se na eterna felicidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.