Desde os tempos apostólicos a heresia tinha se infiltrado na Igreja, sobretudo nos séculos IV e V. Mas se por um lado as heresias diminuíam a evangelização dos pagãos, por outro lado suscitavam grandes figuras de pastores, teólogos, pregadores, de escritores com suas obras monumentais, uma catequese sistemática, homilias e sermões, tudo isso conseguiu dar uma exposição clara da doutrina cristã. Então os próprios intelectuais pagãos podiam ter explicações racionais da religião. Através da defesa da ortodoxia o povo cristão vivia uma fé consciente. São Cirilo foi uma dessas grandes figuras. Regeu a Diocese de Jerusalém de 350 até a sua morte em 386.
Cirilo nasceu em 315, filho de pais cristãos e educado em Jerusalém. Foi ordenado sacerdote em 345. Foi um ardoroso defensor da fé contra os ataques do arianismo. Por isso foi três vezes mandado ao exílio pelos Imperadores Constâncio e Valente. O Primeiro Concílio Ecumênico de Constantinopla, do qual participou, reconheceu a legitimidade do seu episcopado. Sua festa foi instituída em 1882. O título de Doutor da Igreja, conferido pelo Papa Leão XIII, foi graças às 24 Catequeses que escreveu para os catecúmenos da sua Diocese. Das primeiras 19, treze são dedicadas a exposição geral da doutrina e cinco, ditas mistagógicas, referem-se ao comentário dos ritos dos sacramentos de iniciação cristã.
Sobre a Eucaristia, afirmava: “Sob a forma de pão é o corpo que te é dado e, sob a forma de vinho, o sangue; de tal maneira que, ao receberes o corpo e sangue de Cristo, te transformas, com ele, num só corpo e num só sangue”.
Ó Deus, que levastes vossa Igreja a penetrar mais profundamente nos mistérios da salvação, pela catequese de São Cirilo de Jerusalém, concedei-nos, por suas preces, conhecer de tal modo o vosso Filho, que tenhamos a vida em plenitude. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.