A metrópole da Síria, Antioquia, terceira em ordem de grandeza do vasto império romano, teve como primeiro bispo o apóstolo Pedro, ao qual sucederam Evódio e em seguida Inácio, o Teóforo, o que traz Deus, como ele mesmo gostava de ser chamado. Coração ardente (o nome Inácio deriva de ignis = fogo), ele é lembrado, sobretudo, pelas expressões de intenso amor a Cristo, por ele escritas durante a viagem de Antioquia a Roma, para onde ia como prisioneiro, vítima da perseguição de Trajano. Nessa oportunidade, o santo bispo escreveu sete cartas, dirigidas a várias igrejas e a são Policarpo.
Trazido acorrentado a Roma, onde terminou os seus dias na arena, devorado pelas feras selvagens, tornou-se objeto de afetuosas atenções da parte das várias comunidades cristãs nas cidades por onde passou. Muitos se desdobravam para evitar-lhe a pena capital, mas Inácio desejava o martírio mais que todas as coisas e suplicava aos irmãos de Roma para que não lhe impedissem de dar seu testemunho intervindo a seu favor junto às autoridades imperiais: “Deixem-se ser a comida das feras, pelas quais me será dado saborear Deus. Eu sou o trigo de Deus. Tenho de ser triturado pelos dentes das feras, para tornar-me um pão puro de Cristo”.
Ele gostaria que seu corpo encontrasse sepultura na barriga de uma fera faminta, de modo que seus funerais não ficassem a cargo de ninguém! Mas os cristãos de Antioquia veneravam, desde a antiguidade, o seu sepulcro nas portas da cidade e já no século quarto celebravam a sua memória a 17 de outubro.
As suas palavras inflamadas de amor a Cristo e à Igreja ficaram na lembrança de todas as gerações futuras. Quem as escreve é um místico e um bispo, isto é, um homem que encarna em si as prerrogativas da autoridade e os carismas do espírito. Os dois elementos fundem-se harmonicamente num alerta à unidade visível da Igreja, que aliás, é um dado constante no ensinamento de santo Inácio: “Onde está o bispo, aí está a comunidade, assim como onde está Cristo Jesus aí está a Igreja Católica”, escreve na carta endereçada ao então jovem bispo de Esmirna, são Policarpo.
Deus eterno e todo-poderoso, que ornais a vossa Igreja com o testemunho dos mártires, fazei que a gloriosa paixão que hoje celebramos, dando a Santo Inácio de Antioquia a glória eterna, nos conceda contínua proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.