Nascido em Todi, Perúgia, e Diácono da Igreja romana, Martinho foi eleito ao sumo pontificado em 13 de maio de 649 e logo mostrou mão firme no governo do leme da barca de Pedro. Não pediu nem aguardou o consentimento à sua eleição da parte do Imperador Bizantino Constante II que no ano anterior havia promulgado o Tipo, um documento em defesa da tese herética dos monotelitas. Para barrar a difusão dessa heresia, três meses após sua eleição, o Papa Martinho convocou, na Basílica de São João de Latrão, um grande Concílio, para o qual foram convidados todos os Bispos do Ocidente e defenderam a fé em Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
A condenação de todos os escritos monotelitas, sancionada nas cinco sessões solenes, provocou uma irritadíssima reação da Corte Bizantina. O Imperador ordenou ao Exarca de Ravena, Olímpio, que fosse a Roma e prendesse o Papa. Olímpio quis cumprir as ordens imperiais com algumas alterações e tentou, por meio do seu escudeiro, assassinar o Papa durante a celebração da missa em Santa Maria Maior. No momento de receber a hóstia consagrada das mãos do Pontífice o Sicário puxou o punhal, mas foi imediatamente atingido por uma cegueira total. Em 653, morto Olímpio de peste, o Imperador pôde cumprir a sua vingança, fazendo com que o novo Exarca de Ravena, Teodoro Calíopa, prendesse o Papa.
Martinho, acusado de ter-se apossado ilegalmente do alto cargo de Sumo Pontífice e de haver tramado com Olímpio contra Constantinopla, foi conduzido por via marítima até à cidade do Bósforo. A longa viagem, que durou quinze meses, foi o início de um cruel martírio. Ao prisioneiro não era dada nem água para se lavar. Chegando em Constantinopla a 17 de setembro de 654, o Papa ficou estendido numa cama na rua pública recebendo os insultos do povo durante um dia inteiro, antes de ser fechado por três meses na prisão Prandiária. Depois se iniciou o longo e exaustivo processo, durante o qual os sofrimentos foram tão grandes a ponto de o acusado murmurar: “Façam de mim o que quiserem; qualquer morte será para mim um benefício”.
Humilhado publicamente, despido e exposto aos rigores do frio, carregado de correntes, foi fechado na cela reservada aos condenados à morte. A 16 de março de 655 fizeram-no partir secretamente para o exílio em Quersoneso na Criméia, Ucrânia. Sofreu fome e foi se enfraquecendo no mais absoluto abandono, morrendo aos 16 de setembro de 655.
Deus todo-poderoso, que destes força ao Papa São Martinho para enfrentar as ameaças e vencer os tormentos, dai-nos também suportar as adversidades desta vida com inabalável fortaleza. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.